Nosso Objetivo

Minha foto
Representar perante as Autoridades Administrativas e Judiciais, na Defesa dos Direitos e dos Interesses gerais da categoria profissional de Agentes de Saúde Ambiental e Combate de Endemias, bem como os interesses individuais de seus associados.

domingo, 1 de fevereiro de 2009

NOVO LARVICIDA CONTRA O MOSQUITO DA DENGUE É LIVRE DE TOXIDADE PARA O SER HUMANO

Fonte: Rafael Mesquita, da Ascom/UFPE
Uma nova arma no combate à dengue está sendo desenvolvida pelo Departamento de Química Fundamental (DQF) da UFPE: um larvicida inédito e livre de toxidade para o ser humano. A descoberta é fruto de um esforço conjunto entre os grupos de pesquisa Química de Síntese, Química Computacional e Ecologia Química do DQF, que, há três anos, vêm aperfeiçoando uma nova classe de compostos sintéticos com grande potencial no combate ao Aedes aegypti. Essa classe é promissora na sucessão dos larvicidas sintéticos usados atualmente, contra os quais as larvas do mosquito já apresentam imunidade.

O novo larvicida já é o 10º desenvolvido pelo DQF desde 2007 e também o mais eficiente até o momento. Testes realizados mostram que ele é dez vezes mais letal contra as larvas do mosquito que seus antecessores: sua LC50 (concentração necessária para matar 50% das larvas) é de 2,2 partes por milhão (ppm), contra 25 ppm das substâncias anteriores. A professora Daniela Navarro, chefe do grupo de Ecologia Química, acredita que a recente descoberta – cuja patente está em andamento – é bastante promissora. “Ela possui atividade larvicida muito melhor que as outras moléculas patenteadas anteriormente e tem uma via sintética que é possível de ser realizada em grande escala. Estudos de toxicidade serão realizados e acreditamos que ela não apresentará toxicidade ao homem nas concentrações de uso, o que demonstraria a possibilidade desta ser aplicada como larvicida no combate ao mosquito da dengue”, afirma.

Foi a partir da análise quantitativa entre a estrutura química e a atividade biológica – estudo que recebe o nome de “QSAR” – dos nove compostos larvicidas anteriores que a equipe de pesquisadores conseguiu desenvolver a molécula em questão, mais poderosa e complexa. Do mesmo modo, a descoberta atual abre ainda mais possibilidades de aprimoramento, segundo ela. “Essa nova molécula abriu uma nova perspectiva de estudo, porque, como ela é sintetizada de uma maneira diferente, já idealizamos outros compostos baseados nela, para fazer um outro estudo de QSAR para baixar a concentração de 2,2 ppm para 0,2 ppm”, relata a professora Daniela Navarro. Ela prevê que, a partir da estrutura da molécula atual, um outro grupo de nove compostos inéditos, ainda mais eficientes, poderá ser elaborado dentro de dois anos.

PIONEIRISMO – Todos os dez larvicidas desenvolvidos pelo DQF pertencem à família dos 1,2,4-oxadiazóis, uma série de ácidos que até então só era conhecido por suas aplicações farmacológicas. “Nunca foi publicado anteriormente um estudo sobre a atividade larvicida frente ao Aedes aegypti para essa classe de compostos”, explica a pesquisadora, sobre o caráter inédito das pesquisas feitas e das patentes registradas subsequentemente.

Os compostos elaborados a partir dos 1,2,4-oxadiazóis ainda não se igualam em letalidade ao larvicida atualmente usado pela Fundação Nacional de Saúde (Funasa), o Temefós, cuja LC50 é de 0,01 ppm. Entretanto, em todo o País, estão sendo registrados casos de gerações do Aedes aegypti resistentes à ação desse larvicida, que, desde 1967, tem sido usado no combate aos vetores da dengue e da febre amarela. “Se você coloca o Temefós e as larvas não estão morrendo completamente e outras estão sobrevivendo, então você vê que ele não é mais tão eficiente quanto era antes”, aponta Daniela Navarro. Além disso, um estudo realizado pelos Departamentos de Biofísica e Biometria e de Bioquímica da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) indica que o Temefós pode ser mutagênico e genotóxico para o ser humano, isto é, causar lesões no material genético, em concentrações similares às usadas no combate ao Aedes aegypti.

Os ácidos 1,2,4-oxadiazóis, em contrapartida, não apresentam genotoxidade ao homem nas concentrações usadas para atividade larvicida; sendo, inclusive, substâncias com propriedades conhecidamente analgésicas, antiinflamatórias, antifúngicas e antibacterianas. Segundo a professora Daniela Navarro, as perspectivas para essa nova família de substâncias são animadoras. “É um grupo de moléculas muito interessante porque não apresenta, a princípio, problemas de toxidade ao homem, e mata as larvas do mosquito”, afirma.

A pesquisadora também destaca a importância do fato de que esses larvicidas são patentes inteiramente brasileiras, diferentemente do Temefós, que é adquirido no exterior para ser formulado nos laboratórios nacionais. “O Brasil não tem tradição em patentear. Essa é uma classe que tem que ser preservada, que temos de estudar para chegarmos em compostos bem eficientes e proteger isso porque é uma tecnologia que o Brasil está desenvolvendo, e nenhum outro país está. Porque, na verdade, a dengue é um problema nosso”, conclui.

ALERTA – Segundo o Ministério da Saúde, 16 estados brasileiros estão sob risco de sofrerem uma epidemia de dengue em 2009, dentre eles Pernambuco. Quatorze capitais já estão em estado de alerta para o verão. Nessa época do ano, o número de casos de dengue é notoriamente maior por causa do calor e da chuva, que propiciam o desenvolvimento das larvas do mosquito. Só em 2008, mais de 734 mil dos 760 mil casos registrados ocorreram entre os meses de janeiro e agosto.

Mais informações
Professora Daniela Navarro
(81) 2126.7468
dmafn@ufpe.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário